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Já não sinto minhas pernas, meus braços, os beijos, teu perfume, meu corpo, seus abraços... Como temo a fenda no chão do nosso quarto, a água gelada na xícara do chá, o mel no fundo da porcelana fria, as sandálias ausentes aos pés da cama, nem isso que não sei...
Mas tenho saudade do batom no espelho embaçado, das poesias gaguejadas, da tua voz em meus ouvidos, do teu riso, dos olhos a me fitar, de tua música a me (en)cantar...
Sou viola em tua mão, reinvento-me cordas em teus dedos.
Em teu abraço me fortaleço.
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Poderíamos ser além do que somos, no entanto, ultrapassamos. Percebemos que ter sido namorados, não seria intenso e duradouro. Somo felizes com o que temos e conquistamos. Nossas conversas, sempre valorosas e reveladoras, no faz perceber quanta falta faríamos na vida do outro. Reconhecer de que o fim não está tão longe assim, nos aproximar mais, nos convida a perceber a importância de nós em nossas vidas nada simplificadas assim. Nos encontramos todas as vezes em que nos perdemos em nós. Bom ter você ao lado menino e sentir sempre teu fraterno abraço. Vamos viver enquanto ainda gostamos, crescemos, rejuvenescemos e temos alegrias diuturnamente. Não me importaria se errasse na escolha, pois seriamos felizes nesse gostoso erro póstumo, ainda não sabido. Mas ontem percebemos o tanto de dores que evitamos e, o tanto de alegria que tivemos, que temos e, que está por nos encontrar. Acertamos a medida de nossas vidas...
Magoar e chatear-se foi preciso. Hoje reconheço que já poderia ter chegado ao fim e, que não ter existido, seria mergulhar em dores... Seria não ter descoberto o cuidado, o carinho... Teria sido não ter cativado, não ter lágrimas por tanto bem querer... Não saber que é melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho.